domingo, 30 de setembro de 2012

Melodia




Dedos,
Pés,
Mãos
Não podem ser mentira.

- Porque o teu corpo
É harpa que respira...

Pedro Homem de Melo


sábado, 29 de setembro de 2012





Acabadas as palavras
arrumaremos os gestos e os corpos

vem
espantar-me os fantasmas,
encher-me as noites
no cais de setembro
seremos barcos à espera de outros ventos

com o fogo ateado às velas
e esta (mesma) vontade de nos deixarmos arder

Carlos Alberto de Sousa Fernandes


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Flor




Eu que me vi flor,
a certo tempo virei jardim
em cada suspiro, me abri em pétalas.
Quando me vi, já era jasmim.

Sou toda jardim.

Betânia Uchoa

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Homeopatia





Cobriste-me de nudez o
corpo nu quando tive frio
envolveste-me em
frieza quando fiquei cansada
serviste-te do meu sono.
Saciaste a minha fome
com fome mataste com
sede a minha sede.
Quando o telefone toca
e ninguém diz nada
és tu do outro lado.

Ulla Hahn

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A flor da pele





Fogo na pele,
Pele em flor!
Flor que fere,
Fogo de amor!

Flor da pele,
Pele em cor.
Pele a pele
É pleno ardor!

Flor impele
Dor de amor.
Dor que fere
A flor do amor!

Pele pede,
Aflora em flor.
Mela a pele,
Doce amor!

À flor da pele,
Trêmulo fervor!
À flor da pele,
Atração em furor!

Paixão elevada,
Rasgada em ardor!
Pele indomada,
Fervente de amor!

Marcos Woyames de Albuquerque


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Modo de amar





Amor como tremor de terra
abalando montanhas e minérios
nas entranhas da minha carne.


Amor como relâmpagos e sóis
inaugurando auroras
ou ateando faíscas e incêndios
nas trevas da minha noite.

Amor como açudes sangrando
ou caudais tempestades
despencando dilúvios.
E não me falem de ruínas
nem de cinzas, nem de lama.

Astrid Cabral

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Andava a lua no céu





Andava a lua nos céus
Com o seu bando de estrelas

Na minha alcova
Ardiam velas
Em candelabros de bronze

Pelo chão em desalinho
Os veludos pareciam
Ondas de sangue e ondas de vinho

Ele, olhava-me cismando;
E eu,
Plácidamente, fumava,
Vendo a lua branca e nua
Que pelos céus caminhava.

Aproximou-se; e em delírio
Procurou avidamente
E avidamente beijou
A minha boca de cravo
Que a beijar se recusou.

Arrastou-me para ele,
E encostado ao meu hombro
Falou-me de um pagem loiro
Que morrera de saudade
À beira-mar, a cantar..

Olhei o céu!

Agora, a lua, fugia,
Entre nuvens que tornavam
A linda noite sombria.

Deram-se as bocas num beijo,
Um beijo nervoso e lento...
O homem cede ao desejo
Como a nuvem cede ao vento

Vinha longe a madrugada.

Por fim,
Largando esse corpo
Que adormecera cansado
E que eu beijara, loucamente,
Sem sentir,
Bebia vinho, perdidamente
Bebia vinha.., até cair.

Antonio Botto

domingo, 23 de setembro de 2012





“Amei ao ponto da loucura;
mas o que é considerado loucura,
é para mim, a única maneira sensata de amar”

Francoise Sagan


sábado, 22 de setembro de 2012

Eu me perdi dentro de mim





Levaram-me a caminhos solitários
E os rumos que tracei ou escolhi
Trouxeram-me só vãos itinerários...

O amor que a vida inteira produzi
Apenas se perdeu, mas há uma pista;
Se o pouco que há de mim está em ti,
Não percas meu amor... me reconquista.

Luis Gilberto de Barros


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cálida





Cálida,
a noite vem nos teus olhos
quando a lua se descobre
e a promessa dos teus beijos
me estremece.
As tuas mãos,
que não tocaram meu corpo nestes dias sem tempo,
viajam no sonho e nas palavras,
florescendo no corpo úmido que se agita no desejo.
Desvendo os sons sentidos no silêncio
e neles quebro meu olhar que se espraia no horizonte,
como nuvem em dia de chuva.
Embalo-me como estrela cadente
ritmada em suave toque,
onde te imagino
percorrendo-me, gota a gota,
sorvida calidamente no desejo dos
teus lábios sôfregos,
que circulam em cada pedaço da
[minha pele ... ]
És.
Sou.
Imaginação
e
Fim.

Otilia Martel 

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