terça-feira, 28 de julho de 2020

As tuas mãos nas minhas



As tuas mãos nas minhas.
O incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto.
O ardor de um meu dedo na tua pele. Na tua boca.
O terrível dos meus dedos nos teus cabelos.
O prazer horrível até à morte da minha entrada no teu corpo.

Vergílio Ferreira






domingo, 5 de julho de 2020

Encosto-me ao teu calor como gato à luz do sol



Encosto-me ao teu calor como gato à luz do sol.
Lambo-te devagar o dorso e cheiro-te os cantos do corpo, em busca dos odores que me confirmam a tua humanidade.
Gosto de esconder os lábios no côncavo do teu braço
e tatear com a língua os teus lábios, roubando-te o sentido às palavras
e recolhendo, um a um, os sons com que soçobras nos meus braços.
Afago o rosto na penugem que envolve a pele da tua mão,
as veias em sulcos, os dedos cegos pelo meu corpo
a encherem-no de arrepios frescos como brisas de verão.

Cerro os olhos nos teus
e afasto-me rapidamente, de corpo agitado
e orelhas em riste,
sempre que alguma mosca entra no quarto.

A Empregada de Mesa
in "Fanny Ardant vem Jantar" 



 

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