segunda-feira, 3 de junho de 2019
No parque morno, um perfumista oculto
ordenha heliotrópios,
Deixa aberta a janela.
Minhas mãos sabem de cor o teu corpo,
e a alcova é morna.
Apaguemos a luz.
Não sentes na tua boca
um gosto de papoulas?
Passa o lenço de seda de tuas mãos
sobre minha fronte
e não me digas nada:
a febre está, baixinho, ao meu ouvido,
falando de ti.
Guimarães Rosa
Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objetos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Obje
to contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti
até que a dor alegre recomece.
Maria Gabriela Llansol
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