quarta-feira, 31 de maio de 2023

Respira

 

 



Respira
o sabor de um beijo, o toque de um afago, o som de um arfar.
Respira
a mão de fogo de quem te ama, o suor em êxtase de quem te chama.
E o abraço que não passa, e as palavras que te embraçam, e os olhares que te apertam.

Respira – para saberes que vale a pena continuar.


Pedro Chagas Freitas 

 

 

 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Dormes ainda

 


Acordo. Dormes ainda.
Que fazer se me apetece?
Pego na tua mão
e pouso-a onde estou vivo.
Respiras. Andantino.
As costas para mim. Não resisto.
Os dedos, leves, ensalivados,
vão à procura do grão, do seu
pólen. Vão e vêm, vou e venho.
Beijo-te no ombro. Sorris.
Dormes ainda? Subitamente
abres os olhos e abres a boca
e debruças-te sobre mim.
O dia principia.
 
Casimiro de Brito

 

 

 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Ficas dentro de mim

  


Ficas dentro de mim, como se fosse
eterno o movimento do teu corpo,
e na carne rasgada ainda pudesse
a noite escura iluminar-te o rosto.

No teu suor é que adivinho o rastro
das palavras de amor que não dissestes,
e no teu dorso nu escrevo o verso
em pura solidão acontecido.

Transformo-me nas coisas que tocastes,
crescem-me seios com que te alimente
o coração demente e mal fingido;

depois serei a forma que deixastes
gravada a lume com sabor a cio
na carícia de um gesto fugidio.
 

Antonio Franco Alexandre 



Falas de amor

 


Mansamente falas do amor
Vibras esse amor
Quando percebo vibro em ti
 

Kwothinye 

 

 

 

terça-feira, 2 de maio de 2023

Deixas rastro no meu peito

 

 


Deixas rastro no meu peito durante horas. Dou com
cabelos teus colados, dias depois, à roupa do meu sorriso.
Encontro nos vincos mais longínquos dos meus
dedos o cheiro parado do teu olhar tão móvel. Procuro-te
nas esquinas dos instantes que passam. Reconheço-te
no vinco que a ternura deixa na carne do peito do
meu olhar, aquele que deito para longe, para outra esquina,
de onde recebo mensagens de outro olhar igualmente
teu, igualmente meu, refletido na vitrine de
uma loja do nosso sono.

Deslizo. Deito-me sobre as lembranças.
(...)
O amor compassado e irregular como um signo.

E procuro-te sempre, na ausência da carne que os dias
me traçam na pele.

E depois na presença eu
presença tu.
 

Manuel Cintra

 

 

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