segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tua boca de poesia

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Tua boca de poesia
Passeia pelas minhas palavras
Fazendo do doce sabor
Um verso único de amor.
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Luna

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domingo, 30 de agosto de 2009

Não gosto em ti...

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Há uma coisa
Uma única coisa
Que realmente
Não gosto em ti...
A tua ausência...
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Lu Genovez

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sábado, 29 de agosto de 2009

Uva rubra

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Sua boca
uva rubra
roça meus lábios
e por segundos
somos murmúrios úmidos
seiva cósmica
de línguas
púrpuras...
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Virgínia Schall

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Não diga nada

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Não diga nada,
Absolutamente nada!
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Hoje tudo que quero
É te amar em silêncio...
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Cáh Morandi

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tua voz

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Porque a voz dele me toca
feito as mãos
e as mãos dele me envolvem
feito fábulas.
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E as duas, quando passeiam
em mim
desabotoam
minhas mais
mal-comportadas
palavras...
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Marla de Queiroz

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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O meu amor é meu...

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O meu amor é meu
e eu sou dele.
Amo-o com minha boca
e minha pele.
Mas sem sua boca eu
já não sei ser fonte....
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Renata Pallottini

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Los amorosos

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Los amorosos callan.
El amor es el silencio más fino,
el más tembloroso, el más insoportable.
Los amorosos buscan,
los amorosos son los que abandonan,
son los que cambian, los que olvidan.
Su corazón les dice que nunca han de encontrar,
no encuentran, buscan.
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Los amorosos andan como locos
porque están solos, solos, solos,
entregándose, dándose a cada rato,
llorando porque no salvan al amor.
Les preocupa el amor. Los amorosos
viven al día, no pueden hacer más, no saben.
Siempre se están yendo,
siempre, hacia alguna parte.
Esperan,
no esperan nada, pero esperan.
Saben que nunca han de encontrar.
El amor es la prórroga perpetua,
siempre el paso siguiente, el otro, el otro.
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Los amorosos son los insaciables,
los que siempre —¡qué bueno!— han de estar solos.
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Jaime Sabines

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domingo, 23 de agosto de 2009

Palpitação amorosa

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... Oh, a magnífica palpitação amorosa a meias com a morte! Não temas.
Deixa que as fúrias da paixão te mordam os sentidos.
No perigo está a salvação.
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Natália Correia
in As Núpcias

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Desejo

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Quando o desejo entra, é ele que conduz a situação:
é ele que comanda o sentido das palavras,
o rumo das mãos, o jogo dos gestos.
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António Alçada Baptista

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sábado, 22 de agosto de 2009

Brisa erotica

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Una ola rompe violenta
en la playa de nuestros cuerpos
nos inunda un rugido de mar
contra las rocas.
Al retirarse,
lenta,
nos deja una brisa erótica
que nos envuelve
uniéndonos
para siempre
en un beso.
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Amparo Jimenez


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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tempestade

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Sê devastador e violento como a tempestade
ao abrir as gavetas, ao depor sobre a mesa
nenhuma razão que outros conheçam.

Alimenta-te
de mim e de ti, guarda as fotografias em paredes
brancas onde nenhuma ave se demore,
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abre-me as feridas, as mais recentes e as antigas.
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Sê brando e lento como as manhãs de dezembro
ao desfazerem-se em neve, esquece os recados,
os pequenos delitos escondidos em segredo.
Os telhados abrigam-nos da maledicência, do azar,
daquilo que o tempo gasta em passar sobre nós.
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Leva-me assim, como um acidente entre os dedos.
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Sê luminoso e intenso, ó meu amor, retrato escondido,
coleciona os declives, ensina-me essa geografia,
sê inocente e puro, mesmo que a noite interrompa a vida
e a nossa pele estremeça.

Deixa que bebamos
apenas se o prazer magoar onde nasce a sede,
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fala-me de mim e de ti, se nos sentarmos nas dunas.
.
Francisco José Viegas

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Apaixonada

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Venho rendida,
Já não apaixonada, amor,
A paixão com a persistência
Deixou de queimar,
Como a dor com a persistência
Se deixa de sentir.
Agora venho rendida e calma,
Igual e mansa,
Sem marés vivas
Nem dias de levante,
Sou uma esperança constante,
Uma constante desesperada,
Só, sempre sozinha
Pelos mornos areais alaranjados
Onde ondas poentes
Se quebram em alvura.
Só, sempre pensando em ti,
Tentando não pensar,
Descer ao profundo do mar,
Revolver em mim o universo
Novo infinitamente;
Mas tu vens mais forte que o mar,
Mais forte do que eu,
E em vão tento convencer-me
Que não és,
Que não passas de abstrato desejo,
Sentimento incompleto,
Sem poder condensar-se.
.
Teresa Balté

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Segredo

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Quero-te
no secreto segredo de dizer-te...
na solidão das mãos
na fímbria do desejo
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(quero-te assim
longínquo e doce
terno e ausente)...
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Maria Aurora Carvalho Homem
in Discurso Amoroso

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Memória do corpo

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Continua a voltar frequentemente e a tomar-me,
sensação amada, continua a voltar e a tomar-me —
quando acorda a memória do corpo,
e desejo antigo volta a passar no sangue;
quando os lábios e a pele se lembram,
e sentem as mãos como se tocassem de novo.
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Continua a voltar frequentemente e a tomar-me à noite,
quando os lábios e a pele se lembram...
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Konstandinos Kavafis

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O amor é senhor

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Amo três gestos teus quando, senhor,
me incendeias do teu próprio fogo.
Te serves do meu corpo, minha boca
sorves na tua, me penetras...
És poderoso, vivo, estás feliz.
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Mas depois disso cada minuto é meu.
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Giosi Lippolis

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domingo, 16 de agosto de 2009

Adeus

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... Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser - que já é - o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.
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Alexandre O'Neil

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sábado, 15 de agosto de 2009

Quando te amei sozinho

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As vezes em que eu mais te amei
tu o não soubeste
e nunca o saberias.
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Sozinho a sós contigo
em mim mesmo eu te criava,
em mim te possuía
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De onde vinhas nessas horas
em que inteira eu te envolvia,
nem eu mesmo o sei
e nunca o saberias
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Contudo, em paz
eu recebia o carinho,
compungindo o recebia,
tranqüilo em meu silêncio
e tão tranqüilo e tão sozinho
que calmamente eu consentia:
- que ainda que muito me tardasse
mais ainda, um outro tanto, eu sempre esperaria.
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Affonso Romano de Sant'Anna
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fulgor

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Posso ter inventado tudo, menos o fulgor perfeito
dos nossos corpos juntos.
Uma vida inteira não basta para apagar da pele
o peso magnífico desse fulgor.
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Só sexo, disseram-me as amigas íntimas,
quando eu chorava com elas a saudade do êxtase.
Só sexo, fogo e palha, talvez tenham razão.
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Mas é disso que trata a vida, a minha vida: só sexo.
Contigo.
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Inês Pedrosa
in Contos "Só Sexo"

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Suspiros

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... Nesta hora..., não chamo por ninguém.
Nem por ti ,...
Estou nua e viva e não penso em nada....
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Foi como naquela última noite em ti,
... a tua mão na minha, eu nem respirava.
Beijava-te os dedos um a um e
recomeçava contando até mil,

para que a noite fosse mais longa...
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Lidia Martinez

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Não era o meu nome

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Foi sempre tão incerto o caminho até ti:
tantos meses de pedras e de espinhos,
de maus presságios,
de ramos que rasgavam a carne como forquilhas,
de vozes que me diziam que não valia a pena continuar,
que o teu olhar era já uma mentira;
e o meu coração sempre tão surdo para tudo isso,
sempre a gritar outra coisa mais alto
para que as pernas não pudessem recordar as suas feridas,
para que os pés ignorassem as penas da viagem
e avançassem todos os dias mais um pouco,
esse pouco que era tudo para te alcançar.
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Foi por isso que, ao contrário de ti,
não quis dormir nessa noite:
os teus beijos ainda estavam todos na minha boca
e o desenho das tuas mãos na minha pele.
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Eu sabia que adormecer era deixar de sentir,
e não queria perder os teus gestos no meu corpo
um segundo que fosse.
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Então sentei-me na cama a ver-te dormir,
e sorri como nunca sorrira antes dessa noite, sorri tanto.
Mas tu falaste de repente do meio do teu sono,
estendeste o braço na minha direcção
e chamaste baixinho.
Chamaste duas vezes.
Ou três.
E sempre tão baixinho.
Mas nenhuma foi pelo meu nome.
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Maria do Rosário Pedreira

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domingo, 9 de agosto de 2009

Vício

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Ah, fumarás demais, beberás em excesso,
aborrecerás todos os amigos com tuas
histórias desesperadas, noites e noites a fio
permanecerás insone, a fantasia desenfreada
e o sexo em brasa, dormirás dias adentro,
noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás
cartas que não serão nunca enviadas,
consultarás búzios, números, cartas e astros,
pensarás em fugas e suicídios em cada minuto
de cada novo dia, chorarás desamparada
atravessando madrugadas em tua cama vazia,
não consegurás sorrir nem caminhar alheia
pelas ruas sem descobrires em algum jeito
alheio o jeito exato dele, em algum
cheiro estranho, o cheiro preciso dele
...
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Caio Fernando de Abreu

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sábado, 8 de agosto de 2009

Possuir-te

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É tão natural
que eu te possua
é tão natural que tu me tenhas,
que eu não me compreendo
um tempo houvesse
em que eu não te possuísse
ou possa haver um outro
em que eu não te tomaria.
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Venhas como venhas,
é tão natural que a vida
em nossos corpos se conflua,
que eu já não me consinto
que de mim tu te abstenhas
ou que meu corpo te recuse
venhas quando venhas.
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E de ser tão natural
que eu me extasie
ao contemplar-te, e de ser tão natural
que eu te possua,
em mim já não há como extasiar-me
tanto a minha forma
se integrou na forma tua.
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Affonso Romano de Sant'Anna

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Amor presente

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Agradeces o amor
ou a minha intimidade?
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O labor em que me
envolvo
para esquecer a saudade?
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A tua boca
que sei
de ver o desenho quente
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ou a pressão
do teu corpo
para uma ausência
doente?
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Maria Teresa Horta

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Afeto

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Pertenceria a uma ordem se a houvesse,
a do afeto...
não poderia ser
a da santidade ou da pureza.
Seria, pelo contrário, uma ordem agreste,
pouco dada à reclusão e à penitência,
guiada por uma bússola de instintos...
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José Jorge Letria
in Variantes do Oiro

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu sei quando te amo

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Eu sei quando te amo:
é quando com teu corpo eu me confundo,
não apenas nesta mistura de massa e forma,
mas quando na tua alma eu me introduzo
e sinto que meu sangue corre em ti,
e tudo que é teu corpo
não é que um corpo meu
que se alongou de mim.
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Eu sei quando te amo:
é quando eu te apalpo e não te sinto,
e sinto que a mim mesmo então me abraço,
a mim que amo e sou um duplo,
eu mesmo e o corpo teu pulsando em mim.
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Affonso Romano de Sant'Anna

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sem ti

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Sem ti
Sou chama aquela
que não precisou
da fricção de dois gravetos
para arder
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Eliana Mora

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domingo, 2 de agosto de 2009

Vôo

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Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.
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Casimiro de Brito

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sábado, 1 de agosto de 2009

Fronteiras

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O meu amado chega e enquanto despe as sandálias de couro
marca com o seu perfume as fronteiras do meu quarto.
Solta a mão e cria barcos sem rumo no meu corpo.
Planta árvores
de seiva e folhas. Dorme sobre o cansaço embalado pelo momento
breve da esperança.
Traz-me laranjas. Divide comigo os intervalos da vida.
Depois parte.
Deixa perdidas como um sonho as belas sandálias de couro.
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Ana Paula Tavares

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