sábado, 20 de abril de 2019




a língua sobre a pele o arrepio
os teus dedos nas escadas do meu corpo

as lâminas do amor o fogo a espuma
a transbordar de ti na tua fuga

a palavra mordida entre os lençóis
as cinzas de outro lume à cabeceira

da mesma esquina sempre o mesmo olhar:
nada do que era teu vou devolver.

Alice Vieira




Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
Nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.

Eu quero apenas amar-te lentamente
Como se o tempo fosse nosso
Como se todo o tempo fosse pouco
Como se nem sequer houvesse tempo.

Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.

Joaquim Pessoa





quando te beijo
é só a forma de os meus lábios dizerem que sim
e de os teus lábios dizerem que não
que não houve tempo antes de nós.

Vasco Gato

terça-feira, 9 de abril de 2019



Não me peças palavras, nem baladas, nem expressões, nem alma.
Abre-me o seio, deixa cair as pálpebras pesadas,
e entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio, nossas línguas se busquem, desvairadas.
E que os meus flancos nus vibrem
no enleio das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua... — unidos,
nós trocaremos beijos e gemidos, sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada.
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio



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