terça-feira, 20 de outubro de 2009

Beija-me

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Beija-me, minha alma, doce espelho e guia,
beija-me, acaba, dá-me este contento,
e cada beijo teu engendre um cento,
sem que cesse jamais esta porfia.
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Beija-me cem mil vezes cada dia,
para que, chocando alento com alento,
saiam deste int'rior contentamento
doce suavidade e harmonia.
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Ai, boca, venturoso o que te toca!
Ai, lábios, ditoso é o que vos beija!
Acaba, vida, dá-me esse contento,
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dá-me já tal gosto com tua boca.
Beija-me, vida: tudo em mim lateja.
Aperta, morde, chupa, mas com tento.
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In Jardim de Poesias Eróticas do "Siglo de Oro"
trad. José Bento
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