segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um arrepio

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Um arrepio corre as minhas pernas
quando nelas se enrosca a tua cobra
mas pouco a pouco as mãos ficam mais ternas
e o que em mim se endireita em ti se dobra.
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Por vezes se conjugam cobra e tigre
para que os anjos finalmente acordem
e o reino dos sentidos seja livre
quando as bocas se beijam e os deuses mordem.
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Eis que as tuas agulhas me magoam
e as tuas unhas gravam em minhas costas
as aves do desejo que só voam
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quando te faço tudo o que tu gostas
ainda que os prazeres por vezes doam
se acaso os dois abrimos outras portas.
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Manuel Alegre
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