segunda-feira, 12 de julho de 2010

Diz o meu nome

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Diz o meu nome
Pronuncia-o
Como se as sílabas te queimassem os lábios
Sopra-o com suavidade
Para que o escuro apeteça
Para que se desatem os teus cabelos
Para que aconteça
Porque eu cresço para ti
Porque a minha mão infatigável
Procura o interior e o avesso
Da aparência
Porque o tempo em que vivo
Morre de ser ontem
E é urgente inventar
Outra maneira de navegar
Outro rumo outro pulsar
Para dar esperança aos portos
Que aguardam pensativos
No úmido centro da noite
Diz o meu nome
Como se eu te fosse estranho
Como se fosse intruso
Para que eu mesmo me desconheça
E me sobressalte
Quando suavemente
Pronunciares o meu nome

Mia Couto

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Um comentário:

Me permita disse...

Sua coleção de poemas/poesia é deliciosa! Bjo.

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