terça-feira, 1 de março de 2011

Amor




Amor?

Deito-me sobre tantas coisas inúteis
e me pergunto o que valerá
todo o esforço?

Este poema banal
- qualquer deles -
trata-se de traduzir o intraduzível?

A avalanche de microacontecimentos

despencando pelo nosso dorso,
a pele respondendo elétrica;
entre os dedos a escapar-nos;
sob os olhos,
através dos nossos sexos,
e do cataclismo do gozo,
dos corpos,
ou dos pensamentos, que correm
à busca de significado.

O que valerá a minha presença sem sentido
neste mar de sentidos a entrechocarem-se,
neste caos, sem linguagem que o signifique
a não ser o amor que vivi,
vivo,
viverei?

Silvia Chueire


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