sexta-feira, 27 de maio de 2011

Estranho furto



Na noite silenciosa e azulada,
No pousar do orvalho sobre as ramagens,
Durante o repouso sereno das aves,
E no desabrochar das damas da noite.

Quero roubar teus sentidos a mão armada,
Assaltar teu corpo e recolher teus sentimentos,
Como larápia discípula de cupido!

Quero pegar-te desarmado,
Numa hora qualquer desta noite.
Amanhã, não importa! ...

Quero que teu coração se surpreenda,
Se assuste e me prenda em teus afetos.
Depois, no calabouço dos gemidos,
O tilintar das correntes partindo,
No auge dos apertos e abraços sôfregos...

Passarei a vida na cadeia das quimeras,
E nas grades deste grande amor,
Narrando a história de um estranho furto,
Entre um homem tímido e uma mulher apaixonada.

Ruth Souza Saleme


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