quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Posse



Perdem-se-me os olhos na janela,
que emoldura a chuva
batendo nos beirais,
mas as minhas costas desnudas
no vestido brando de noite
enrubescem,
lambidas pelo teu olhar urgente,
violento, sedutor,
que me queima a pele exposta,
possuindo-me...

Chamam-me os gritos surdos
de puro desejo
que te adivinho na voz,
cala-me essa posse premente
doída no teu olhar de estátua!

Clama-me, por fim,
teu murmúrio em prece
com que encadeias as letras do meu nome...

Ouve-te o meu desejo.
Abre-se-te o meu corpo de Mulher,
recebe-te os beijos
com que me molhas o corpo
sedento de ti,
brincam os teus dedos
no meu peito que treme,
descobrem-me fraquezas,
fazem-me gemer...

Entras-me, tomas-me de assalto,
assim,
numa rusga dos sentidos
que se rendem em torpor, em frémito,
numa posse longamente desejada...

Colam-se os amantes
no leito da partilha,
unem-se na busca do prazer e do êxtase,
deixam-se morrer, aos poucos,
satisfeito o corpo,
apaziguada a fome.

Margarida Monarca


Um comentário:

Nilson Barcelli disse...

A Monarca é uma Rainha da sensualidade...
Excelente escolha.
Beijo, querida amiga Flor.

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