sábado, 5 de novembro de 2011

Portanto



Nossa nudez, juntos, não se completa nunca,
mesmo quando se tornam quentes
e congestionadas, úmidas e latejantes
todas as mucosas.
A nudez de nós dois não acontece porque
nos vestimos um com o corpo do outro,
para inventar deusas na solidão do nós.
Por isso a nudez no amor não satisfaz.
Porque eu te amo, tu não precisas de mim.
Porque tu me amas, eu não preciso de ti.
No amor jamais nos deixamos completar.
Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto, não quanto.
Amar é enquanto, portanto.
Ponto.

Roberto Freire, daqui

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