quarta-feira, 18 de maio de 2016

Poema Quinquagésimo Sétimo



Escrevo-me como se fosse
um poema, para dizer quanto te amo.
E levo, num beijo, essas palavras até à tua boca,
ofereço-tas, ansiosas e úmidas, com a mais doce
impaciência. Sorves na tua boca a minha língua
que canta todo o amor, que dá recados vibrantes
à tua carne, e faz do tamanho da noite as tuas pupilas.
Pergunto-me porque cantas e porque canto
quando a minha boca e a tua boca são uma boca
apenas, um corpo apenas, um longo poema
com uma só palavra.

Joaquim Pessoa
em "Guardar o Fogo"


Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails