quarta-feira, 6 de maio de 2020

O que chega de repente

 

O que chega de repente, despudoradamente sorrateiro.
De mansinho ou a galope, me interessa.
O que não pede licença, invade de impulso.
Com boas ou más intenções, me desperta.
O que acha que manda, cheio de ordens.
Quase obedeço – e me instiga.
O que não tem pudores, escancaradamente prazer.
Desnuda com os olhos, veste com a boca –
e me enlouquece.
O que traz desassossego, puro atordôo.
Seduz meu espírito, me entrego.
O que me cala a boca, altamente impassível.
Explode as certezas, espatifa argumentos –
me rendo.
O que puxa pra perto, com zelo suave.
Me toca, me tem.
O que pega na mão, todo territorial,
ah sim.
Esse, me arrebata.
 
Paula Pfeifer



 

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