terça-feira, 11 de novembro de 2025

Come in

 


Cultiva em mim as tuas mãos
como se fossem galhos apressados, firmes,
molhados pela doçura do orvalho noturno.

Despoja em mim teu corpo
como um barco náufrago, afogando-se
no pranto da multidão
no poço das águas revoltas.

Mergulha-te em mim como um peixe
a esfregar tuas escamas nos meus pelos negros
inquietos
insanos
rebeldes

transborda-te em mim como um líquido
assim,
gotejando em silêncio sem dizer palavra
apenas abraçando-me na mudez
como a planta que ama
sem necessitar do verbo.

Miriam Freitas

 

 

 

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