Cultiva em mim as tuas mãos
como se fossem galhos apressados, firmes,
molhados pela doçura do orvalho noturno.
Despoja em mim teu corpo
como um barco náufrago, afogando-se
no pranto da multidão
no poço das águas revoltas.
Mergulha-te em mim como um peixe
a esfregar tuas escamas nos meus pelos negros
inquietos
insanos
rebeldes
transborda-te em mim como um líquido
assim,
gotejando em silêncio sem dizer palavra
apenas abraçando-me na mudez
como a planta que ama
sem necessitar do verbo.
Miriam Freitas

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