sábado, 1 de maio de 2010

Não a alma

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-Não me toques a alma.
E ele que já a conhecia inteira, que já a tocara toda, que já lhe seguira nos pés as marcas deixadas pelas calçadas que ela pisara, que já lhe sentira nas pernas o cansaço dos caminhos percorridos e que lhe deixavam os músculos rígidos e tensos e que ele tocava e massajava até ficarem moles e lassos e distendidos. Ele que já lhe abrira as coxas e com os dedos as acariciara, e as percorrera, e as olhara e as desejara, e deitara o rosto no ventre liso e vira as gotas de suor que desciam pelo peito, e paravam no umbigo, e dele transbordavam e ele abria a boca e bebia-as….

- Não me toques a alma.
E ele com medo de perguntar o porquê. Ele que a segurava pelas nádegas e a encostava ao sexo e a encaixava no sexo, e ela ondulava e ele ondulava, e ele embalava-a os dentes mordendo-lhe o ombro, e ela mordendo os lábios, e os dois mordendo-se e dando-se boca, dentes e gemidos….

-Não me toques a alma.
E ele que já a beijara, que já a lambera, que já bebera dela suor, que já provara dela o orgasmo, que já sentira na boca o palpitar do coração enquanto lhe mordia o peito e lhe prendia os mamilos entre os lábios e os sugava devagar, e ela se contorcia e lhe dava o corpo e ele queria a alma e ela dizia:

- Não me toques a alma, assim poderás sempre partir. Assim poderei sempre não voltar.
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Encandescente

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Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo...
...quando a alma é tocada, nada mais há a fazer...não há como fugir, como escapar, como transcender...é sempre o fim, ou o principio do fim...

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