quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tua música



Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Eugénio de Andrade


4 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Não conhecia esse poema.
E eu a pensar que já tinha lido tudo do Eugénio de Andrade.
Bela escolha, querida amiga Flor.
Beijos.

Cynthia Lopes disse...

Lindo poema!

Juci Barros disse...

Bom d+ vir aqui!

Beijos.

Sonhos e Devaneios disse...

oi minha linda...estava com saudades...lindo poema....beijos joao

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