sábado, 28 de dezembro de 2019

não afastes a boca da minha orelha


 

e tu sussurras:
- não, não afastes a boca da minha orelha.
derrama dentro dela aquilo que não consegues dizer em voz alta.
e eu digo:
- as tuas mãos queimam-me a fala.
tu sorris, dizes:
- vem, sem medo, pela aridez do meu corpo.
no fundo de mim existe um poço onde guardo a tua imagem.
é tempo de ta devolver.
é tempo de te reconheceres nela.

Al Berto



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